quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Dia 6 - 333km - Villa Santa Lucia-CHI a Coyhaique-CHI

Hoje podemos dizes que o dia foi "punk"!! Conhecemos parte da famosa Carretera Austral, a Ruta 7 chilena, toda sua beleza e dificuldades. Devido às complicadas características geográficas do território, no qual predominam os Andes Patagonicos, lagos, turbulentos rios e a presença de campos de gelo, a rodovia está em permanente manutenção. Por outro lado, grande parte da rodovia carece de pavimentação. Sua construção iniciou-se em 1976 por ordem do Regime Militar, sendo um dos projetos mais caros e ambiciosos de todo o século XX no Chile. O trabalho dos membros do Exército do Chile habilitaria os diferentes trechos da rodovia ao longo dos anos 1980 permitindo a conexão da Patagônia chilena com o resto do país após anos de isolamento. A rodovia ainda não está completa e vários trechos são percorridos através de balsas. Questão de soberania nacional, alguns vilarejos só tinham acesso através da Argentina antes dessa estrada...

O trecho inicial, até La Junta, está em processo de pavimentação. Estão preparando o terreno para o asfalto, o que para nós motociclistas significa um pesadelo, rípio do grosso! Ou seja, muito cascalho solto, sem o "trilho" que tanto nos ajuda. Em determinados trechos, grandes "bolsões" de cascalho quase nos derrubavam, e frente ficava louca e a moto sai de traseira o tempo inteiro. Nessa condição, paciência e bom senso são fundamentais. Mão longe do freio dianteiro e da embreagem, marcha reduzida e sempre dando gás... impressionante como a moto "alinha" hehehhe sempre vale a máxima "NA DÚVIDA ACELERA!". A suspensão absorvia  bem as imperfeições, óbvio que o curso da CBR é muito pequeno, não é adequado para isso então várias vezes "dava o batente".

Pra piorar, a chuva foi companheira constante, motivo pelo qual não tiramos muitas fotos. Devido ao mau tempo e neblina, não podemos apreciar a paisagem em sua plenitude... mesmo assim a Patagônia nos revelou alguns de seus encantos. São dezenas de riachos, montanhas, geleiras e lagos. A paisagem aqui chega a ser opressiva, a floresta densa nos "espreme" no meio da estreira estrada, como que para exigir respeito daqueles que ousam passar por ali.

A região é extremamente isolada de tudo, cruzamos por 2 ou 3 carros até Puyuhuapi e por 2 motos BMW. É interessante abastecer aqui, pois o próximo posto só em Coyhaique, coisa que não fiz. Essa região atravessa o Parque Queulat, 30km depois da cidade, é o acesso para o Ventisquero Colgante, glaciar suspenso que forma uma linda cachoeira. Como tínhamos horário para chegar à balsa em Puerto Ibanez, resolvemos seguir em frente.

Os últimos quilômetros de rípio são os piores, subimos vertiginosamente até quase encostar em uma montanha completamente coberta pela neve. O frio e a umidade estava acabando com nossas forças, mas seguimos firme! Finalmente, no trevo para Puerto Cisnes, o asfalto, para nós um benção!

A temperatura estava baixíssima, passamos muito frio. Felizmente a chuva parou e timidamente alguns raios de sol apareceram, e deu pra sentir as mãos novamente. O trecho até Coyhaique continua maravilhoso, chegamos na cidade em torno das 16h e entramos para abastecer. Eu havia anotado que seriam mais 60km até Puerto Ingeniero Ibanez, sendo que chegaríamos até as 17h a tempo de pegar a balsa para Chile Chico. Porém, a informação estava errada, são 120km. 

Dessa forma, poderíamos arriscar ir até Puerto Ingeniero Ibanez na esperança de algum atraso da balsa ou ficar hospedado lá. Como não sabia nada a respeito do lugar, ficamos aqui mesmo em Coyhaique, cidade grande com estrutura e muito bonita, rodeado por montanhas.Dividimos um "Pisco" no posto e fomos procurar hospedagem. Em meio a algumas manobras, um dos integrantes caiu parado (efeito do pisco???) o qual não posso revelar a identidade pela ética motociclista hehehhe. Achamos uma excelente opção de cabanas (SAN SEBASTIAN) e aproveitamos para deixar as motocas em dia, tirar o barro do radiador, lubrificar correntes e etc. A propósito, a carretera Austral levou mais um parafuso do meu para-lamas e o arame, sendo que tive que descarta-lo pois estava roçando no pneu já. Fiquei sem protetor de corrente. VAMO QUE VAMO!!

Resumo do dia: 333Km, sendo 170km de rípio
Média Consumo: 18,4 Km/L
Média Gasolina: R$3,95



Posto em La Junta
Rípio do grosso na Carretera Austral
Puerto Puyuhuapi
Glaciar, Ventisquero Colgante, Queulat
Cabanas em Coyhaique
Jantinha top
Cidade de Coyhaique

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